Paulo Abrantes - Filosofia

A questão do método nas ciências

Menciono várias vezes neste Memorial o livro Método e Ciência: uma abordagem filosófica, publicado em 2013 (o e-book está disponível em Produções). Ele resultou de um trabalho que se estendeu por muitos anos e que incorporou publicações que vinha fazendo sobre temáticas mais específicas (em especial, a série de publicações em filosofia da ciência que produzi entre 1992 e 2004). Assinalo, de passagem, que a metodologia, como subárea da filosofia da ciência foi, infelizmente, relegada a segundo plano por grande parte da produção filosófica do séc. XX (a despeito da contribuição dos popperianos que entendiam, contudo, de forma por demais estreita, o escopo da metodologia).

A ideia de escrever um livro de filosofia da ciência voltado para temas metodológicos surgiu quando lecionava a disciplina ‘metodologia científica’ nos meus primeiros anos de UnB. Constatei que a esmagadora maioria dos livros publicados no Brasil com este título pouco tinham de filosófico e, de modo especial, não estavam respaldados na literatura especializada em filosofia da ciência. Tampouco havia, naquela época, títulos em português nesta última área, escritos por filósofos da ciência brasileiros, à exceção de um ou outro já bastante antigos.

O meu objetivo foi o de fazer um livro que fosse introdutório e que pudesse ser empregado em cursos de metodologia científica em diferentes áreas e, mesmo, ser lido com proveito por pessoas de fora da Academia. Embora a maior parte do seu conteúdo não esteja relacionado à pesquisa que faço atualmente, aproveito algum material dessa pesquisa para ilustrar determinados tópicos. Por exemplo, faço referência ao uso de modelos matemáticos por Richerson e Boyd no capítulo em que trato desta temática. E o capítulo final do livro incorpora os meus artigos sobre abordagens evolucionistas (ou melhor, selecionistas) do conhecimento científico.