Paulo Abrantes - Filosofia

Memória Grupo de Pesquisas

MEMÓRIA DO GRUPO DE PESQUISAS EM FILOSOFIA DA BIOLOGIA DA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA[1]

Paulo C. Abrantes e Cláudio Reis

Constituição do Grupo de Filosofia da Biologia

A ideia de criar um ambiente de discussão em torno de tópicos de Filosofia da Biologia surgiu de um grupo de alunos que cursaram disciplinas que Paulo Abrantes ministrou no Mestrado em Filosofia em 2002 e 2004. Na primeira disciplina, que formalmente se denominava ‘Seminário Especial de Teoria do Conhecimento’, foram abordadas as epistemologias evolucionistas, tópico sobre o qual o Paulo vinha pesquisando.

Foi a fase heróica, e também bucólica, do grupo: na falta de uma sala, as primeiras reuniões deram-se no gramado entre o ICC e a Biblioteca Central! Resolvemos enfrentar, corajosamente, o imenso livro de S. J. Gould, The structure of evolutionary theory, que havia sido publicado em 2002.

No segundo semestre de 2004, Paulo Abrantes ofereceu a disciplina ‘Seminário temático especial de epistemologia’, também no Mestrado em Filosofia, após retornar de um pós-doutorado na Universidade Nacional Australiana em que havia desenvolvido um projeto de pesquisa com o título “Cenários para a evolução da mente humana”. Nessa oportunidade, teve um contato mais próximo com as abordagens de K. Sterelny e de P. Godfrey-Smith sobre a evolução da cognição e do comportamento humanos. Durante esse afastamento para pesquisa elaborou uma primeira versão de um artigo sobre esse tema, que foi discutido no curso de 2004, e que foi posteriormente publicado na revista Manuscrito, com o título “A psicologia de senso comum em cenários para a evolução da mente humana” (2006).[2]

Em julho de 2004, Paulo Abrantes passou a ter uma segunda lotação no Instituto de Ciências Biológicas (IB). As disciplinas ‘História da Biologia’ e ‘Filosofia da Biologia’ foram criadas por ele e pela professora Maria Luíza Gastal do NEC-BIO. Esses dois professores também propuseram mudanças na disciplina ‘Dinâmica da Construção do Conhecimento Científico’, que estava desativada há vários anos. Desde então essas três disciplinas passaram a ser oferecidas regularmente, em alternância, para estudantes do IB e também de outras áreas.

O grupo de Filosofia da Biologia (FILBIO) reuniu-se ao longo de 2004 no IB em local cedido pelo Departamento de Zoologia, e contou com a participação do saudoso Prof. Waldenor Barbosa, além do Prof. Paulo Motta e das Profas. Maria Luíza Gastal, Nilda e Rosana (todo(a)s do IB), bem como da Profa. Márcia Murta, do Instituto de Química (entre outros; pedimos desculpas se algum nome foi esquecido). Em diferentes oportunidades, a Profa. Karla Chediak, do Departamento de Filosofia da UERJ, participou das discussões do grupo, bem como o Prof. Luis Alfonso Paláu, da Universidad Nacional de Colombia (daremos mais detalhes sobre essas participações mais adiante). Vários estudantes dos cursos de Biologia, de Filosofia e de Direito também participaram das discussões.

A primeira oferta de História da Biologia deu-se no 2/2004, mesmo semestre da realização do 1o Colóquio de História e Filosofia da Biologia do IB/UnB. A disciplina Filosofia da Biologia, do IB, foi ofertada pela primeira vez em 2007.[3] Vários alunos que cursaram as disciplinas Filosofia da Biologia, História da Biologia e Dinâmica passaram a integrar o grupo FILBIO com o objetivo de dar continuidade aos seus estudos. 

Colóquio de História e Filosofia da Biologia

Paulo Abrantes e Maria Luíza Gastal organizaram no IB, de 24 a 26 de novembro de 2004, um Colóquio de História e Filosofia da Biologia, com participantes da UnB e de outras universidades, inclusive do exterior.[4] Esse Colóquio contou não somente com o patrocínio do NECBIO, mas também com o apoio de várias instituições. A programação foi a seguinte:

Dia 24/11 – Conferência do Prof. Dr. Luis Alfonso Paláu (Universidad Nacional de Colombia, Medellín) – “A parte e o todo na biomedicina e Georges Canguilhem e de François Dagognet” Debatedora: Profa. Dra. Karla Chediak (UERJ)[5]

Dia 25/11 – Conferência do Prof. Dr. Pablo Lorenzano (Universidad Nacional de Quilmes, Buenos Aires, Argentina) – “As concepções semânticas da ciência e sua aplicação ao caso da genética” Debatedor: Prof. Dr. Paulo Abrantes (UnB)

Dia 26/11 – Mesa-Redonda – “A relevância da história e da filosofia da biologia para o ensino de ciências” – Prof. Dr. Luis Alfonso Paláu, Prof. Dr. Pablo Lorenzano e Profa. Dra. Maria Luiza Gastal (UnB)

Além das palestras, os professores convidados deram também aulas, abertas a toda a comunidade acadêmica, no âmbito do curso de História da Biologia que estava sendo oferecido naquele semestre. Os tópicos abordados foram os seguintes:

Aula 1 (dia 16/11) – “A crise do projeto clássico no final do séc. XVIII e sua manifestação na botânica, na zoologia e na medicina” – Prof. Dr. Luis Alfonso Paláu

Aula 2 (dia 18/11) – “O nascimento da biologia e as origens da ideia de evolução” – Prof. Dr. Luis Alfonso Paláu

Aula 3 (dia 23/11) – “Mendel” – Prof. Dr. Pablo Lorenzano

A pretensão dos organizadores era que esse colóquio de 2004 fosse o primeiro de uma série, o que, infelizmente, não se concretizou. Paulo Abrantes chegou a planejar o 2o Colóquio, que contaria com a presença do eminente filósofo da biologia americano David Hull (que aceitou o convite). O Colóquio, contudo, não pode realizar-se porque a agência de fomento (CNPq) não concedeu os recursos solicitados.

O grupo continuou reunindo-se até 2006, com algumas interrupções. Discutimos vários artigos da coletânea de E. Sober, Conceptual issues in evolutionary biology, envolvendo tópicos como o dos ‘níveis de seleção natural’. As referências principais com respeito a esse tópico foram o artigo de P. Kitcher, “1953 and all that: a tale of two sciences”, e o de D. S. Wilson e E. Sober, “Reintroducing group selection to the human behavioral sciences”.

O tema da ‘construção de nichos’ também esteve no centro das nossas discussões, e usamos o livro, recém-publicado, de Odling-Smee et. al., Niche construction. A controvérsia opondo o ‘adaptacionismo’ e o ‘construtivismo’ também mereceu atenção do grupo, tomando como referência o livro de Robert Brandon, Adaptation and Environment (sobretudo o cap. 2 em torno da noção de ambiente). Paulo Abrantes e Waldenor Barbosa também escreveram notas sobre o tema, que subsidiaram as discussões. O grupo FILBIO também discutiu, nesse período, os seguintes tópicos:

. papel da História e da Filosofia da Ciência no ensino de ciências (usamos para esse fim o artigo de Matthews, “History, Philosophy, and Science teaching: the present rapprochement”);

. auto-organização e a teoria de sistemas complexos (usamos o artigo de van de Vijver, G. et al. “Reflecting on complexity of biological systems: Kant and beyond”;

. finalismo versus mecanicismo;

. sistemas auto-organizados (em que Márcia Murta teve uma participação central);

. autorreferência;

. teoria evolucionista dos jogos;

. evo-devo (em particular o conceito de informação envolvido no debate);

. vida artificial;

. teoria da célula (teoria que Waldenor Barbosa vinha desenvolvendo);

. pressupostos filosóficos das escolas em taxonomia (com coordenação do Paulo Motta);

. ética evolucionista (tema então pesquisado pela Karla Chediak,  que coordenou as discussões do grupo).

Atividades recentes do Grupo de Filosofia da Biologia

O grupo FILBIO voltou a reunir-se em 2011, tendo em vista a realização do Simpósio Internacional de Filosofia da Biologia (que ocorreu, efetivamente, na UnB entre 8 e 10 de junho daquele ano). O grupo teve uma participação crucial na organização e no evento propriamente dito.

Neste mesmo ano, foi publicado o livro Filosofia da Biologia, organizado por Paulo Abrantes, reunindo contribuições de filósofos e biólogos de vários países da América Latina.[6] Essa coletânea foi o produto mais importante das atividades do grupo FILBIO e não teria sido possível sem a efetiva participação de seus membros, que escreveram capítulos para o livro, em vários casos em coautoria, e também atuaram como consultores.

Ao longo de 2011 o grupo realizou encontros semanais que contaram com a participação de estudantes e professores de vários Departamentos da UnB, além de pessoas não vinculadas à universidade. Com a entrada de novos membros houve um claro interesse em explorar as interfaces entre biologia evolutiva e diversas áreas das ciências humanas e da filosofia. Embora o grupo tenha abrigado uma ampla gama de interesses e temáticas, o seu eixo fundamental foi, desde então, o de explorar aplicações dos conceitos e modelos darwinistas às ciências sociais, com ênfase em diferentes abordagens contemporâneas da evolução humana, e suas implicações filosóficas.

Isso já vinha sendo feito no âmbito da pesquisa de Paulo Abrantes que, à época, trabalhava sobre a teoria da dupla herança, o que refletiu-se na pesquisa de vários dos seus orientandos, em especial de Fábio Portela, que estava fazendo uma dissertação de mestrado sobre o tema da evolução da cooperação e suas implicações para o Direito.

Tendo em vista essa nova orientação, as discussões do grupo em 2011 articularam-se, sobretudo, em torno do livro de Hodgson, G. M. ; Knudsen, T. Darwin’s conjecture: the search for general principles of social & economic evolution. Chicago: The University of Chicago Press, 2010. Também discutimos as idéias de Maturana e Varela, que interessava especialmente a um dos novos integrantes do grupo, o Prof. Alexandre Araújo, que nos sugeriu a leitura dos livros De máquinas y seres vivos e A árvore do conhecimento, daqueles autores.

Em 2012 o grupo consolidou-se como um grupo de pesquisas tendo como objetivo a publicação dos trabalhos dos seus membros, de preferência envolvendo diversos membros do grupo. Esse objetivo foi em parte alcançado: Paulo Abrantes publicou vários artigos com seus orientandos, que participavam ativamente do grupo.

Apesar das intermitências no seu funcionamento e da (relativa) fluidez dos seus participantes, o que é comum em grupos dessa natureza, o grupo foi consolidando-se e ofereceu um espaço de reflexão, dentro da UnB, para uma grande diversidades de tópicos que, por sua natureza, requerem um tratamento multidisciplinar, o que tem caracterizado o perfil da filosofia da biologia em diversos países do mundo.

O grupo FILBIO explorou um amplo espectro de tópicos, escolhidos em função dos interesses de seus membros (que variaram em função da composição do grupo, o que é natural). Isso faz jus à abrangência da área de filosofia da biologia, que vai do enfrentamento de problemas conceituais em biologia (sobretudo em biologia evolutiva) ao estudo da evolução do comportamento animal e dos mecanismos psicológicos que dão suporte a esse comportamento. O problema da origem da cultura, e sua eventual contribuição para o aumento da adaptabilidade de várias espécies animais (em especial entre os grandes símios, bem como na linhagem dos hominídeos), está no centro dessa temática mais ampla.

Fala-se, cada vez com mais, em uma extensão da grande síntese (a que se verificou entre a genética e a teoria que Darwin formulara originalmente ao longo dos anos 1920-40) para incorporar, entre outras coisas, outros sistemas de herança, como a cultura. Na verdade, várias das discussões de fundamentos em biologia evolutiva- como a querela em torno do adaptacionismo e a discussão sobre níveis de seleção- adquiriram um novo relevo à luz das discussões sobre evolução humana, de modo particular. Os programas da sociobiologia humana e, mais tarde, da psicologia evolucionista, da memética e da coevolução gene-cultura foram alvos das críticas dos filósofos que dissecaram os seus pressupostos, em diálogo com os biólogos, psicólogos e antropólogos envolvidos nesses programas, voltados para compreender a evolução humana e sua especificidade.

Em um período mais recente, o grupo envolveu-se, cada vez mais, com temas de ética, de metaética e de evolução da moralidade, motivado pelas pesquisas de Cláudio Reis e de Roger Rex. Essa temática articulava-se, de vários modos, com a pesquisa que Paulo Abrantes então realizava sobre a evolução da cooperação e sobre a evolução cultural. Com respeito a este último tema, usamos como referência o artigo de Toscano, M.; Abrantes, P. “A evolução tecnológica seria lamarckista?”. Cadernos de História e Filosofia da Ciência (UNICAMP), série 3, v. 21, n.2, p. 429-470, 2011.

Também lemos e discutimos, a partir do segundo semestre de 2015, trabalhos sobre a estrutura social dos grupos de hominíneos ao longo do Pleistoceno e sobre  evolução da complexidade (e da desigualdade) social a partir do Holoceno. Serviu-nos de referência, de modo particular, o artigo de Plazas & Rosas, “La transición social en el género Homo: de las jerarquías de dominación al igualitarismo” (do número especial sobre Evolução Humana da revista Ciência & Ambiente, organizado por Paulo Abrantes em 2014), o livro de Flannery, K.; Marcus, J. The creation of inequality. Cambridge (MA): Harvard University Press, 2012 e o livro de Mesoudi, A. Cultural Evolution: how darwinian theory can explain human culture & synthesize the social sciences. Chicago: University of Chicago Press, 2011.

A partir de um certo momento, o grupo adquiriu um caráter mais formal quando Paulo Abrantes passou a coordenar um grupo de professores de várias universidades brasileiras denominado ‘Grupo de Pesquisas em Filosofia da Biologia’, mencionado anteriormente, que foi cadastrado no Diretório dos Grupos de Pesquisa do CNPq. O grupo foi também certificado pela UnB em 2003. Esse grupo incorporou vários membros do grupo FILBIO que eram orientandos do Paulo Abrantes, além dos orientandos dos professores de outras universidades que o integraram.

O objetivo explícito do grupo era de “aproximar pesquisadores que trabalham nessa área no Brasil e incentivar a convergência entre projetos individuais desenvolvidos por tais pesquisadores, além de fomentar atividades de pesquisa no âmbito das diversas instituições a que estão vinculados, com destaque para a orientação de estudantes interessados nessa área. Este grupo vem realizando pesquisas particularmente nas esferas epistemológica e metafísica lidando, em particular, com problemas conceituais colocados pela biologia evolutiva. Além de um trabalho filosófico sobre conceitos e modalidades de explicação em biologia, este grupo também se interessa pelo estudo da evolução do comportamento e da cognição animal. A evolução humana é um dos tópicos explorados pelos pesquisadores do grupo. As diversas abordagens hoje em discussão pela comunidade científica que se dedica a esse tópico estão sendo confrontadas e suas credenciais avaliadas, em particular as da teoria da dupla herança (genética e cultural). “

O grupo FILBIO passou, então, a vincular-se, de forma mais estreita, com as linhas de pesquisa “Filosofia da Ciência e Teoria do Conhecimento” e “Lógica, Filosofia da Linguagem e Filosofia da Mente” do PPG-FIL.

O grupo FILBIO não perdeu uma característica que sempre foi sua, de aceitar a participação de pessoas, inclusive de fora da UnB, mesmo que não estivessem dispostas a envolver-se com pesquisa nessa área. A partir de 2011, e ao longo dos anos seguintes, registramos a participação no grupo, em diversas oportunidades, das seguintes pessoas:

Cláudio Reis (Filosofia – UnB); Fábio Portela (Filosofia – UnB)- Edson Cláudio Mesquita Pinto (Filosofia – UnB); Tiago Leal de Andrade (Filosofia – UnB); Francisco Dyonisio C. Mendes (Psicologia – UnB); Guilherme Sá (Antropologia – UnB); Pedro Amorim (Sociologia); Danilo Arruda Furtado (Biologia- UnB); Alexandre Dias (Biologia – UnB); André Bertran (Biologia – UnB); Cedric Pin (UnB); Frederico Gonçalves Cézar (Filosofia – UnB); Filipe Lazerri Vieira (Filosofia – UnB); Marcos Toscano (Filosofia – UnB); Juliana de Orione (Filosofia – UESB(; Luiz Carlos Campos (UnB); Thiago Maciel; João Pimenta da Veiga (UnB); José Renato (Filosofia-UnB); Benilson Nunes (Filosofia – UnB); André Cidade (Antropologia – UnB); José Eduardo Pires (ex-aluno da Filosofia-UnB); Roger Rex  (Filosofia – UnB); Artur Rego (Biologia – UnB); Sérgio Cortizo; Wagner Diniz de Paula (Medicina-UnB); Antony Polito (Física – UnB); Alexandre Araújo (Ciências Políticas e Direito – UnB).[7]

Esta lista não é exaustiva, e pedimos desculpas pelas lacunas e por não termos podido mencionar todos os que efetivamente participaram dos encontros do grupo, cuja composição, como já dissemos, variou bastante.

Queremos também agradecer a participação de vários professores da UnB, de diferente áreas, que, ao longo dos muitos anos de existência do grupo, dispuseram-se a discutir conosco as suas pesquisas.

Grupo de pesquisas Mente, Linguagem e Evolução

Em 2016, o grupo FILBIO foi rebatizado como o grupo de pesquisa ‘Mente, Linguagem e Evolução’ (MELE), de modo refletir mais fielmente a temática ampla que vinha sendo discutida. Há algum tempo o grupo tinha deixado de discutir temas estritamente de filosofia da biologia, embora eles sempre tenham sido revisitados pelo grupo, e constituído o pano de fundo das discussões mais especializadas em torno da evolução humana.

A mudança de nome do grupo visava também atrair novos participantes, incluindo professores do FIL que trabalhavam com Filosofia da Linguagem, bem como de outros departamentos, sobretudo na área das ciências humanas. Essa tentativa de ampliação do grupo teve, inicialmente, sucesso, mas a assimilação duradoura de novos participantes não se verificou.

Por iniciativa do Cláudio Reis, o grupo passou a registrar na plataforma Moodle as discussões e trabalhos dos seus integrantes, além de tornar mais acessível a bibliografia que era utilizada.

Os trabalhos do grupo MELE começaram, no segundo semestre de 2016, com a discussão do livro clássico de Jerry Fodor, Concepts, de 1998, por sugestão do Prof. Felipe Amaral, que se juntara ao grupo. Como desdobramento dessa primeira discussão, o grupo interessou-se por questões relacionadas com a evolução da linguagem e debruçou-se sobre o texto de James Hurford, The Origins of Meaning, de 2007. Também exploramos o livro de W. T. Fitch, The Evolution of Language, de 2010.

Ainda em 2016, o grupo discutiu alguns desdobramentos recentes das pesquisas de Michael Tomasello sobre a capacidade dos grandes símios de ter falsas crenças. O relatório publicado em na revista Science “Great apes anticipate that other individuals will act according to false beliefs” (Science, v. 354, n. 6308, 7/10/2016) foi lido e discutido no grupo, abrindo uma nova frente de trabalho, em torno da noção, privilegiada por Tomasello, de “intencionalidade compartilhada”.

Dando sequência aos temas levantados com as discussões em torno da evolução da linguagem e das pesquisas de Tomasello, no primeiro semestre de 2017 o grupo discutiu o livro A Natural History of Human Thinking, de M. Tomasello, publicado em 2014.

No segundo semestre de 2017, aproveitando a participação de pesquisadores visitantes, o grupo optou por uma rodada de apresentações, por parte de seus membros, de pesquisas em andamento, buscando reforçar a integração entre os participantes e explorar possíveis interfaces entre os trabalhos individuais de pesquisa e os interesses mais abrangentes do grupo. Naquele semestre, foram apresentadas as seguintes comunicações, seguidas de discussão:

O Prof. André Leclerc (UnB) apresentou o paper que preparara para o Simpósio Principia daquele ano, com o título “Intentionality and continuity of experience”.

A Profa. Juliana Orione (então professora na UESB e doutoranda na UFBA) apresentou sua pesquisa de doutorado, intitulada “Davidson e Dennett: uma perspectiva interpretivista do mental”.

O Prof. Breno Santos (então bolsista pós-doutor no PPG-FIL) apresentou o trabalho intitulado “Genealogia epistêmica e normas de credibilidade”.

O Prof. Claudio Reis (UnB) apresentou um texto discutindo o uso, na filosofia política contemporânea, de conceitos e conclusões produzidos no domínio do debate em torno da evolução da cooperação. O texto intitulava-se “Gerald Gaus: Moralidade social como tecnologia de cooperação.”

O Prof. Paulo Abrantes (UnB) apresentou o texto intitulado “Controvérsias em torno do papel da cultura na origem do Homo sapiens”.

Os Profs. Alexandre Araújo Costa e Ricardo de Lins e Horta apresentaram seu artigo intitulado “Das Teorias da Interpretação à Teoria da Decisão: Por uma Perspectiva Realista Acerca das Influências e Constrangimentos Sobre a Atividade Judicial”.

Com a aposentadoria do Paulo Abrantes, o grupo passou a ser coordenado pelo Prof. Cláudio Reis. No primeiro semestre de 2018, o grupo alternou a discussão de textos recentes – lemos e discutimos os livros From bacteria to Bach and back: The evolution of minds, de D. Dennett (discussão conduzida pela Profa. Juliana Orione) e The enigma of reason, de Hugo Mercier e Dan Sperber (discussão conduzida por Roger Rex) – com apresentações de pesquisas em andamento, uma sobre o conceito de chaîne opératoire, por Santiago Guimarães (então doutorando em Antropologia na Universidade Federal do Pará), e outra sobre “O melhoramento da capacidade cognitiva pelo uso off-label de psicofármacos em indivíduos saudáveis: uma abordagem ética”, por Gláucia Cristina da Silva (então mestranda no Programa de Pós-Graduação em Bioética da UnB).

No segundo semestre de 2018, o grupo dedicou-se à leitura e discussão do livro de Tomasello, A Natural History of Human Morality, de 2016. Exploramos, também, o número especial da revista Philosophical Psychology dedicado ao livro de Tomasello (vol. 31, n. 5, 2018).

No ano seguinte, tentando dar continuidade a temas debatidos na leitura de Tomasello, o grupo debruçou-se sobre o livro, recém-lançado, The Normative Animal, de 2019, organizado por Neil Roughley e Kurt Bayertz.

Desde o segundo semestre de 2018, o grupo não contou mais com a participação do Paulo Abrantes, por se ter mudado de Brasília. As últimas reuniões do grupo ocorreram no final do primeiro semestre de 2019. Desde então, o Grupo MELE encontra-se inativo.

No dia 5 de dezembro de 2020 o grupo MELE retomou as suas atividades com uma mesa-redonda sobre o tema ‘Natureza, Cultura e Evolução’, motivado pelo lançamento do livro do Fábio Portela, Constitution: the Darwinian Evolution of a Societal Structure. O Cláudio Reis, organizador e moderador do evento, ressaltou na abertura a relevância desse lançamento para o grupo, para além das suas qualidades intrínsecas, já que o Fábio é seu membro de longa data e também porque o conteúdo do livro reflete muitos dos temas que o grupo vem debatento nos últimos anos.

Participaram da mesa-redonda, na sequência das suas intervenções: Fábio Portela, Alexandre Araújo Costa, Roger Rex, Hilton Pereira da Silva e Paulo Abrantes. O Hilton, professor na Pós-graduação em Antropologia Biológica da Universidade Federal do Pará, foi o convidado especial do evento. Após as intervenções da mesa, foi aberto o debate para os demais participantes.

As reuniões do grupo havia sido interrompidas, por diferentes razões, desde meados de 2019. A pandemia, que se instalou no início do ano, obrigou que esse evento fosse feito de modo virtual. Apesar das adversidades, esperamos que o uso, que se impôs, desse recurso tecnológico permita ao grupo retomar a regularidade das suas reuniões no ano de 2021.

Dezembro 2020


[1] Como relataremos adiante, a partir de um certo momento o grupo passou a chamar-se ‘Mente, Linguagem e Evolução’

[2] As publicações de Paulo Abrantes podem ser acessadas a partir da página: https://pauloabrantesfilosofia.com.br/producoes/

[3] A partir de um certo ponto, ‘Filosofia da Biologia’ tornou-se optativa também para os alunos do curso de Filosofia.

[5] A Profa. Karla Chediak estava visitando o Departamento de Filosofia no primeiro semestre de 2004, ano da realização do Colóquio, no âmbito do seu pós-doutorado.

[6] Uma segunda edição eletrônica bilíngue, revista e ampliada, de livre acesso, foi publicada em 2018. Para acessá-la, ver o endereço na nota 2.

[7] As filiações institucionais que constam desta lista são da época de participação dessas pessoas e certamente mudaram desde então. Paulo Abrantes destaca a participação, que foi de grande relevância, de vários dos seus orientandos, em especial: Fábio Portela de Almeida, Frederico Gonçalves Cézar, Filipe Lazerri Vieira, Edson Cláudio Mesquita Pinto, Tiago Leal Dutra de Andrade, Marcos Toscano, Juliana de Orione e Roger Rex.